O fim de quem com [o meio] eça

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segunda-feira, janeiro 14, 2008

O Grande Farsante



















QUEM VEM LÁ?! Perguntou o soldado em meio ao nevoeiro e o estranho não tardou em responder: Sou o filho inconveniente que chora, a puta que não recebe, mas se diverte e o bobo que entretém os pares... Sou o doutor que ouve e não cura, o poeta que não escreve e sente, o que ama sem dar e pede... Sou o pastor que dá sua própria carne ao rebanho... Quem sou eu? Sou o monge recluso, o escrivão astuto e o preguiçoso que diz não saber ler! Eu sou o sábio obtuso, o oráculo escuso ou o vadio ignorante, o que queres que eu venha a ser? Ainda que eu te diga, me deixarás seguir adiante! Veja o que quiseres, veja... veja o grande farsante! Enxergar-me-ás ainda que por um instante? Confuso, o soldado tornou a perguntar: DIGA LOGO! QUEM VEM LÁ?! E o velho senhor com vestes em farrapos e costas encurvadas em trapos respondeu-lhe: “Sou apenas um pai a procura do filho, milorde... Rogo-lhe para que me deixe entrar para tentar a sorte...” E assim o pobre diabo, o velho itinerante passou perante a guarda. Nada nele dizia que se tratava, na verdade, de um tratante... de um grande farsante!